terça-feira, 20 de outubro de 2009

Narrativa de Aluno

Os alunos do segundo ano tiveram hora do conto na biblioteca.
Na volta à sala de aula perguntei quem saberia contar a história e vários disseram que saberiam. Fizemos um sorteio e a aluna Kéthlen, foi a sorteada.


RESENHA:
O grande rabanete
Vovô plantou um rabanete na horta. Mas o rabanete cresceu tanto, que ele não conseguia arrancá-lo da terra. Chamou então a vovó, mas ainda assim não tiveram sucesso. E veio a neta, o Totó, o gato... e nada! O rabanete era grande mesmo! Até que chamaram o rato e... plop! — o rabanete saiu da terra. O ratinho ficou muito convencido, achando que a façanha era dele.



Narrativa da aluna:
O vovô foi planta um rabanete na horta. E passou uns dias e cada vez mais ia crescendo o rabanete. Daí um dia chego, e o vovô queria pega o rabanete pra eles come. Daí o vô não conseguia pega o rabanete puxando. Daí o vô chamou a vó e aí a vó ficou agarrada no vô e o vô agarrado no rabanete. Daí não deu pra puxar também. Daí a vó chamou a neta, daí a neta ficou grudada na vó, a vó ficou grudada no vô e o vô grudado no rabanete. E depois também não dava, não dava, não dava, nunca saia o rabanete. Daí a neta chamou o totó. Aí o totó veio, aí o totó veio, daí o totó ficou agarrado na neta, a neta ficou agarrada na vó, a vô agarrada no vô e o vô agarrado no rabanete. Aí não dava pra puxar, que nem sempre. Aí o ooo, aí o totó chamou o gato e o gato foi. E também não dava pra puxa. Aí o gato chamou o rato e daí saiu o rabanete. Aí o rato disse -Eu sou o mais forte! Só que não era porque quanto mais pessoas melhor. E fim.
Ao construir narrativas, a criança brinca com a realidade e encontra um jeito próprio de lidar com ela.


Trabalho com a oralidade diariamente. Já houve uma grande evolução em relação à oralidade de meus alunos comparado ao início do ano, eles estão mais seguros e também noto que as histórias contadas por eles estão mais cheias de detalhes. A oralidade junto com o contato da leitura e da escrita tem papel importante no processo de letramento, pois nessa interação a criança vai construindo a sua fala, e a sua relação com o mundo.

Nestes últimos meses tenho contado uma história por dia como abertura das aulas. Chamo do momento ao deleite. Eles ouvem atentamente, reproduzem, fazem dramatizações, etc.

Lamentavelmente observo que no decorrer dos anos, nós professores vamos impedindo que os alunos se manifestem. Observo as quartas e quintas séries na minha escola e o que vejo são fileiras de alunos complemente mudos. Sinceramente não gostaria que meus alunos passassem por isso, pois são maravilhosos em sua oralidade, conseguem fazer criticas, transmitem exatamente o que foi contado, gostam de ler contar e escrever. Encontro alunos que passaram por mim e estes me dizem -Como tenho saudades das tuas aulas! Sinto-me de certa forma triste ao ouvir isso. Pergunto-me trabalhamos tanto a leitura a oralidade e a interpretação então, porque vão passando os anos e os alunos vão ficando sem a mínima capacidade de argumentar, de criticar e contrapor suas idéias? Já não é hora de revermos nossas práticas. Porque a maioria dos alunos ainda vão muito mal nas redações, quando prestam vestibular? Onde está aquela capacidade imaginosa e criativa que eles apresentam nas primeiras séries?

REFERÊNCIAS:

Vídeo: “Pensamento Infantil - A narrativa da criança”. Revista Nova Escola.
http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/pensamento-infantil-narrativa-crianca-489339.shtml .
O Grande Rabanete TATIANA BELINKY Editora: Moderna, Ano: 2002

segunda-feira, 19 de outubro de 2009