sábado, 26 de junho de 2010

Trabalhando o Imaginário

Nesta penúltima semana de estágio trabalhamos os sonhos, fantasias e o imaginário.

O filme “A história sem fim” é de excelente qualidade, transmite uma mensagem maravilhosa para os alunos que estão em fase de alfabetização. O filme desperta nas crianças ainda mais a curiosidade em relação à leitura. Sem contar a gama de assuntos que podemos trabalhar na sala de aula, em relação a imaginação, fantasia, sonhos e realidades com as crianças.

Outro fato importante é que com cada turma que trabalhei em anos anteriores, o filme obtive resultados diversos, e muitas vezes inesperados, como o caso desta turma, eles envolveram-se a ponto de: se compararem aos personagens do filme





De inventar modos de ser que podem significar a idéia que têm acerca do mundo. Como no caso do aluno abaixo que desenhou algumas imagens de coisas boas e ruins, pessoas com armas, juntamente com pessoas brincando, seria o retrato do mundo em que ele vive, entretanto dentro deste contexto ainda ele pode ter a oportunidade de optar quando enfatiza em sua frase “Eu serei sempre do bem”.





Ou ainda, ocorrendo uma transformação, na tentativa de explicarmos a fantasia, a imaginação, aparece aquele invisível inexplicável. Quando o aluno afirma que “Super heróis existem .“



E por último, quando a imaginação é transformada em um sonho do futuro, que está por vir, na afirmação “Um dia serei atriz.”





Vigotsky (2003) estabelece formas básicas de ligação da atividade criadora do cérebro humano com a realidade. Em uma dessas formas, coloca que a fantasia é construída com elementos da realidade, a imaginação se apoia na experiência.

... a atividade criadora da imaginação se encontra em relação direta com a riqueza e a variedade da experiência acumulada pelo homem, porque esta experiência é o material com que a fantasia erige os seus edifícios. Quanto mais rica seja a experiência humana, tanto maior será o material de que dispõe essa imaginação (p. 17).

Pode-se, então, dizer que a função imaginativa depende da experiência, das necessidades e dos interesses em que ela se manifesta.

A fantasia é construída com materiais tomados do mundo real, a imaginação pode criar novas combinações, mesclando primeiramente elementos reais, combinando depois com imagens da fantasia e assim sucessivamente. As imagens da fantasia servem de expressão interna para nossos sentimentos.

A Imaginação é uma faculdade ou capacidade mental que permite a representação de objetos segundo aquelas qualidades dos mesmos que são dadas à mente através dos sentidos.

Para tanto como cita Vygotsky (1989), a imaginação é um processo psicológico novo para a criança: representa uma forma especificamente humana de atividade consciente. Como todas as funções da consciência, ela surge originalmente da ação.


Assim foi mais uma semana cheia de novidades que fechou com a apresentação da Peça teatral “A fábrica dos sonhos. “ Que contou a história de uma fábrica que iria fechar pelo fato das pessoas estarem deixando de sonhar, onde somente uma criança de coração puro e sonhador poderia salvá-la. Peça onde os alunos além assistirem, divertiram-se muito, dando boas gargalhadas com os engraçadíssimos personagens.

Referências:

VIGOTSKY, L. S. La imaginación y el arte en la Infancia. 6. ed. Madrid: Ediciones Akal, 2003.


VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. 3° ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sempre o Lúdico na Sala de Aula

"Alfabetizar é adquirir a língua escrita através de um processo de construção de conhecimento com uma visão crítica da realidade valorizando sempre o lúdico." (FREIRE, 1994, p.15)


O trabalho com massinha de modelar, realizado na última quarta-feira, foi riquíssimo pois permitiu uma gama significativa de abstrações, assimilações e construções do conhecimento pelos alunos, principalmente do conhecimento lógico-matemático, quando partimos do preparo da massinha, das quantidades dos ingredientes, dos olhares atentos para a mágica da transformação na realização da mistura destes ingredientes.

Vygotsky entende que o desenvolvimento é fruto de uma grande influência das experiências do indivíduo. "mas cada um dá um significado particular a essas vivências. O jeito de cada um aprender o mundo é individual", explica REGO, 2001, p.25.

Através do manuseio livre da massinha pude observar os interesses temáticos, capacidades criativas, conhecimentos já construídos que meus alunos já possuíam enquanto brincavam sem nenhum tipo de recomendação.


Vygotsky afirma que as características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam da interação dialética do homem e seu meio sócio-cultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo. Sendo assim, quanto mais diretamente colocarmos nosso aluno em contato com o objeto de ensino, mais facilmente ele irá aprender.

Sob minha orientação, os alunos partiram para a criação dos seus bichinhos e deram nomes que ficaram bem curiosos principalmente após o recorte e troca de parte deste, com os colegas. Foi pura diversão.



Após nosso recreio, neste dia, seria um período de 50minutos com brincadeiras no Ginásio da escola. Eles preferiram voltar para a sala de aula para manusear as massinhas e, houve até a seguinte negociação, que partiu de um deles: Como o dia estava lindo eles abririam mão do ginásio e voltariam para a sala de aula, sendo que, nos últimos 20 minutos de aula, eu deixaria que eles fossem na pracinha da escola. Fizemos uma votação e todos ficaram felizes.

Alguns alunos levaram mais tempo para confeccionar seu bichinho e inventar o nome e principalmente na hora de escrever uma história. Como estavam ansiosos para ir à pracinha fizemos um texto coletivo onde eles apenas trocaram os nomes dos personagens.

Cada criança tem seu ritmo de aprender, umas aprendem mais rápido que outras; umas necessitam de mais interferência do professor do que outras; muitas também necessitam de contato mais concreto para se desenvolverem. Em alguns casos também percebe-se que o resultado do aprendizado depende do grupo cultural em que a criança está inserida. Também sabemos que as crianças que têm um aprendizado mais lento e que estão em uma turma em que as demais crianças têm uma maior desenvoltura, sentir-se-ão cada vez mais intimidadas perante a turma.

Os alunos ficaram satisfeitos também, porque tinham a receita da massinha que poderiam fazer em casa, e ainda levaram de amostra uma bolinha de cada cor, para brincar em casa.

Definitivamente, concluo que não há mais como ausentar o lúdico do processo pedagógico, pois ele é o agente de um ambiente motivador e coerente.

As crianças envolvidas pela atividade lúdica sentem-se mais livres para criticar, argumentar e criar.

Volto a refletir com o que aprendi no curso PEAD, concordando sempre com a concepção sóciointeracionista de Vygotsky, que prioriza as interações entre os alunos e destes com o professor, entendendo que a escola e os educadores são os mediadores desse processo tão importante para os educandos.


FREIRE, Paulo. Alfabetização, Leitura do Mundo, Leitura da Palavra.2. reimpressão, São Paulo: Paz e Terra, 1994.

REGO, Teresa Cristina. Aprenda com Eles e Ensine Melhor. Revista Nova Escola. p. 25, jan e fev./2001.

______Vygotsky: Uma Perspectiva histórico-Cultural da Educação. 8. ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.