quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sempre o Lúdico na Sala de Aula

"Alfabetizar é adquirir a língua escrita através de um processo de construção de conhecimento com uma visão crítica da realidade valorizando sempre o lúdico." (FREIRE, 1994, p.15)


O trabalho com massinha de modelar, realizado na última quarta-feira, foi riquíssimo pois permitiu uma gama significativa de abstrações, assimilações e construções do conhecimento pelos alunos, principalmente do conhecimento lógico-matemático, quando partimos do preparo da massinha, das quantidades dos ingredientes, dos olhares atentos para a mágica da transformação na realização da mistura destes ingredientes.

Vygotsky entende que o desenvolvimento é fruto de uma grande influência das experiências do indivíduo. "mas cada um dá um significado particular a essas vivências. O jeito de cada um aprender o mundo é individual", explica REGO, 2001, p.25.

Através do manuseio livre da massinha pude observar os interesses temáticos, capacidades criativas, conhecimentos já construídos que meus alunos já possuíam enquanto brincavam sem nenhum tipo de recomendação.


Vygotsky afirma que as características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam da interação dialética do homem e seu meio sócio-cultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas necessidades básicas, transforma-se a si mesmo. Sendo assim, quanto mais diretamente colocarmos nosso aluno em contato com o objeto de ensino, mais facilmente ele irá aprender.

Sob minha orientação, os alunos partiram para a criação dos seus bichinhos e deram nomes que ficaram bem curiosos principalmente após o recorte e troca de parte deste, com os colegas. Foi pura diversão.



Após nosso recreio, neste dia, seria um período de 50minutos com brincadeiras no Ginásio da escola. Eles preferiram voltar para a sala de aula para manusear as massinhas e, houve até a seguinte negociação, que partiu de um deles: Como o dia estava lindo eles abririam mão do ginásio e voltariam para a sala de aula, sendo que, nos últimos 20 minutos de aula, eu deixaria que eles fossem na pracinha da escola. Fizemos uma votação e todos ficaram felizes.

Alguns alunos levaram mais tempo para confeccionar seu bichinho e inventar o nome e principalmente na hora de escrever uma história. Como estavam ansiosos para ir à pracinha fizemos um texto coletivo onde eles apenas trocaram os nomes dos personagens.

Cada criança tem seu ritmo de aprender, umas aprendem mais rápido que outras; umas necessitam de mais interferência do professor do que outras; muitas também necessitam de contato mais concreto para se desenvolverem. Em alguns casos também percebe-se que o resultado do aprendizado depende do grupo cultural em que a criança está inserida. Também sabemos que as crianças que têm um aprendizado mais lento e que estão em uma turma em que as demais crianças têm uma maior desenvoltura, sentir-se-ão cada vez mais intimidadas perante a turma.

Os alunos ficaram satisfeitos também, porque tinham a receita da massinha que poderiam fazer em casa, e ainda levaram de amostra uma bolinha de cada cor, para brincar em casa.

Definitivamente, concluo que não há mais como ausentar o lúdico do processo pedagógico, pois ele é o agente de um ambiente motivador e coerente.

As crianças envolvidas pela atividade lúdica sentem-se mais livres para criticar, argumentar e criar.

Volto a refletir com o que aprendi no curso PEAD, concordando sempre com a concepção sóciointeracionista de Vygotsky, que prioriza as interações entre os alunos e destes com o professor, entendendo que a escola e os educadores são os mediadores desse processo tão importante para os educandos.


FREIRE, Paulo. Alfabetização, Leitura do Mundo, Leitura da Palavra.2. reimpressão, São Paulo: Paz e Terra, 1994.

REGO, Teresa Cristina. Aprenda com Eles e Ensine Melhor. Revista Nova Escola. p. 25, jan e fev./2001.

______Vygotsky: Uma Perspectiva histórico-Cultural da Educação. 8. ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

Um comentário:

Rose tutora EAD disse...

Olá Maristela!
Tua reflexão afirma que quando partimos da prática para teoria, ou do interesse do aluno as aulas ficam mais interessantes e significativas. O ensino aprendizagem sempre será uma troca produtiva e relevante, de forma que a ação e reflexão faça a diferença na educação do cotidiano.
Muito bacana tua aula!